Ex-goleiro do Santos lançou livro sobre heróis negros
Ex-goleiro do Santos, Mário Lúcio Duarte Costa, mais conhecido como Aranha, se aposentou em 2018, enquanto jogava pelo Avaí. Fora dos gramados, Aranha se tornou uma das referências contra o racismo no país, muito lembrado pelo episódio lamentável que vivenciou em uma partida contra o Grêmio em 2014, quando defendia o Peixe. No ano passado, Aranha lançou o livro Brasil Tumbeiro, que fala sobre a escravidão no Brasil.
Segundo o ex-goleiro, a ideia de escrever o livro veio da procura dos seus colegas de trabalho em saber mais sobre a história do Brasil, sobre racismo. Desse modo, ele decidiu que deveria fazer um material para pregar nas escolas, com o objetivo de transformar o jovem em uma pessoa mais consciente.
“O livro narra o que todo brasileiro, negro ou não, deveria saber sobre a história do negro no Brasil. História essa que vai além da violência que arrancou os primeiros dentre milhões de negros escravizados do continente africano e chega à periferia das grandes cidades assolando jovens negros e afrodescendentes. A verdade é uma só: no Brasil, de tantos heróis e heroínas negros, a desigualdade e o racismo privilegiaram a falta de memória”, explica a sinopse do livro.
Relembre o episódio lamentável de racismo sofrido por Aranha
A partida entre Santos e Grêmio pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil de 2014 ficou marcada de maneira negativa por conta de um episódio lamentável de racismo contra o goleiro santista Aranha. O goleiro teve uma grande atuação e garantiu a vitória do Peixe por 2 a 0 na Arena do Grêmio. No fim da partida, ele foi insultado por torcedores do clube gaúcho, e câmeras de transmissão da TV flagaram o momento.
A imagem de uma torcedora gremista chamando Aranha de “macaco” repercutiu em todo o país. O goleiro ficou revoltado na saída de campo e expressou sua indignação na entrevista pós-jogo: “A outra vez que viemos aqui jogar a Copa do Brasil tinha campanha contra racismo, não é à toa. Xingar, pegar no pé é normal. Agora me chamaram de ‘preto fedido, seu preto, cambada de preto’. Estava me segurando. Quando começou o corinho com sons de macaco eu até pedi para o câmera filmar, eu fiquei p… .Quem joga aqui sabe, sempre tem racista no meio deles. Está dado o recado, agora é ficar esperto para a próxima”
Aranha optou por não prestar queixa na polícia após o ocorrido. Os torcedores flagrados pegariam de um a três anos de prisão após cometerem o crime de injúria racial. No lugar da pena, eles aceitaram se apresentar a uma delegacia uma hora antes de cada jogo do Grêmio em Porto Alegre durante seis meses.