É verdade que o Santos parou uma guerra?
No dia 4 de fevereiro de 1969, o Santos de Pelé parava uma guerra. Este é sem dúvidas um dos feitos que mais orgulham o torcedor santista e também que define a grandeza daquela equipe. O Peixe realizou uma amistoso em Benin City em meio a um conflito que acontecia na Nigéria – mas este seria interrompido para que a população assistisse à partida.
No entanto, a história pode não ter sido da maneira que os ídolos daquela época contam. O conflito no país africano iniciou em 1967, quando a região do Biafra, no sudeste da Nigéria, se emancipou. Mais de 2 milhões de pessoas teriam morrido no conflito, que terminou em 1970. Foram realizadas diversas tentativas de cunho global, entre artistas, organizações e autoridades mundiais para conter o conflito, mas sem sucesso.
Enquanto fazia uma excursão de jogos amistosos na África, o Peixe foi levado para a Nigéria a convite do governo local para jogar contra uma seleção da região do centro-oeste, onde está localizada Benin City. O Alvinegro Praiano foi até o país sem ter noção do conflito em curso.
Segundo a história relatada, o governo decretou um cessar-fogo para que o elenco santista pudesse se deslocar do hotel para o estádio Ogbe em segurança e depois retornar ao local onde estavam hospedados.
O Santos venceu por 1 a 0, com gols de Toninho Guerreiro e Edu. No dia seguinte, voltou para o Brasil. A guerra no país continuou, e só terminaria após o governo retormar totalmente o controle da região separatista.
No entanto, a teoria do antropólogo José Paulo Florenzano, professor da PUC, aponta que o Santos pode não ter de fato parado a guerra. Segundo Florenzano, a cidade onde a partida foi disputada não estava sob conflito e o amistoso teria servido como propaganda para o governo em questão.
“Não havia um exército disputando militarmente o controle daquela cidade (Benin). Tampouco o entorno. Nem sequer a região onde ela está inserida, que é o estado do centro-oeste, estava ameaçado”, afirmou o antropólogo em uma entrevista para a ESPN.
“Levar o Santos para se exibir na Cidade de Benin era a melhor propaganda possível para o governo federal mostrar para a sociedade nigeriana que aquela região chave para o país estava sobre pleno controle das autoridades”, completou.